Classicismo

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Manifestação literária do Renascimento, o Classicismo, iniciado no Século XVI, marcou a chegada de assuntos como a política, ciência, religião, entre outros, nas artes. O nome do movimento faz referência à retomada de modelos clássicos greco-romanos.

Contexto Histórico

Seguindo o Humanismo, o Classicismo se inicia no período renascentista da humanidade, no final da Idade Média. A Idade Média foi um período dominado pela religião e dogmas da Igreja Católica, que regiam o mundo ocidental. Assim, estilos como o Humanismo e, posteriormente o Classicismo, surgiram parar questionar tais costumes tradicionalistas.

Alguns processos históricos marcaram o período em questão, como as Grandes Navegações, a Reforma Protestante de Lutero, o surgimento da imprensa na Alemanha, a queda do Feudalismo e a chegada do cientificismo.

Características do Classicismo

Dentre as inúmeras características desse período literário, três são notáveis. São estas: racionalismo, hedonismo, neoplatonismo. A seguir, veremos com mais detalhes cada uma destas características.

Racionalismo

O racionalismo é caracterizado pela capacidade das obras em dialogar e racionalizar sobre algo, utilizando de reflexões sobre o mundo e sobre o homem e seu papel na humanidade.

Hedonismo

O hedonismo é caracterizado pela busca pela satisfação dos desejos. Termos como “carpe diem” (aproveite o dia) foram introduzidos neste período.

Neoplatonismo

O neoplatonismo é caracterizado pela presença do amor sensual e platônico, ao mesmo tempo.

Classicismo em Portugal

Em Portugal, o Classicismo surge em 1527 com Sá de Miranda, poeta que retorna para o território lusitano após um tempo na Itália. Consigo, Sá de Miranda trouxe ideias revolucionárias para a escrita, como os sonetos e a medida nova.

O soneto é uma composição poética que possui uma forma fixa. Nele, 14 versos estão distribuídos em quatro estrofes, de forma que as duas primeiras estrofes possuem quatro versos (cada uma dessas estrofes é, assim, chamada de quarteto) e as duas últimas estrofes possuem três versos cada (esses são os tercetos).

A medida nova vem em contraste com a forma adotada na idade medieval para se produzir poemas, que passou a ser conhecida como medida velha. Enquanto a medida velha era caracterizada por redondilhas menores e maiores (cinco e sete sílabas poéticas, respectivamente), a medida nova introduz os versos decassílabos (dez sílabas poéticas).

Principais autores do Classicismo

Na Espanha, o destaque é voltado para o autor Miguel de Cervantes (1547-1616), autor do clássico mundial “Dom Quixote de La Mancha” (1605), enquanto em Portugal, os destaques são de Sá de Miranda (1481-1558), que, como já citamos, foi o percursor do Classicismo em Portugal, e Luís Vaz de Camões com a icônica obra “Os Lusíadas” (1542).

Pintura de Dom Quixote e Sancho Pança
Dom Quixote e Sancho Pança, personagens do livro de Miguel de Cervantes “Dom Quixote de la Mancha”.

Luís Vaz de Camões

Pouco se sabe sobre sua origem, mas Luís Vaz de Camões é considerado a maior figura literária de Portugal e um dos maiores representantes da literatura em todo mundo.

Nascido provavelmente em Lisboa, por volta de 1524, e de origem fidalga, Camões teve uma excelente educação sendo conhecedor amplo de História, Geografia e Literatura. Ele introduziu o curso de Teologia na Universidade Portuguesa de Coimbra, mas abandonou os estudos da área por se ver incompatível à vida religiosa.

Após uma vida movimentada, repleta de aventuras e navegações, Camões morreu em Portugal em 1580.

Estátua de Luís Vaz de Camões, em Havana, Cuba.
Estátua de Luís Vaz de Camões, em Havana, Cuba.
A poesia lírica de Camões

A poesia lírica de Camões é formada por temas amorosos, repleta de neoplatonismo. Tais obras possuem como uma das principais características a antítese, ou seja, contradições como presença e ausência, bem e mal, amor espiritual e amor carnal, entre outras. Essa característica pode ser claramente observada em um dos sonetos mais famosos de Camões:

“Amor é um fogo que arde sem se ver,

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;

É um andar solitário entre a gente;

É nunca contentar-se de contente;

É um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o mesmo Amor?”

A poesia épica de Camões

Diferentemente da anterior, a poesia épica de Camões focava em uma linguagem culta e elevada, sempre buscando histórias de jornadas heroicas ou guerras marcantes, misturando fatos históricos à mitologia. Destas, a mais famosa obra é “Os Lusíadas”.

Os Lusíadas

Obra mais famosa de Camões e do Classicismo português, “Os Lusíadas” se encaixa como uma literatura épica do autor e de cunho nacionalista. Na obra é exaltado o período das grandes navegações portuguesas.

Inspirado em Homero com “A Odisseia”, Camões mistura mitologia à viagem real de Vasco da Gama às Índias.

Azulejo português com trecho de “Os Lusíadas”.
Trecho de “Os Lusíadas”.

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