Proclamação da República

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A Proclamação da República no Brasil, ocorrida em 15 de novembro de 1889, marcou o fim da monarquia constitucional e o início de um novo regime republicano. Essa transição resultou de um conjunto de fatores sociais, políticos e econômicos que, ao longo do século XIX, enfraqueceram a monarquia brasileira e impulsionaram o movimento republicano.

Proclamação da República - Benedito Calixto, 1893
Proclamação da República – Benedito Calixto, 1893

Antecedentes históricos

Vários fatores contribuíram para o fim do Império no Brasil, entre eles:

Abolição da escravatura

Em 1888, a Lei Áurea aboliu a escravidão no Brasil, trazendo sérias consequências para o Império. Os grandes fazendeiros e proprietários rurais, principais apoiadores da monarquia, sentiram-se traídos pelo governo de Dom Pedro II, que aprovou a abolição sem compensação financeira. Esse descontentamento afastou a elite agrária da monarquia e aproximou-a dos ideais republicanos.

Crescimento do movimento republicano

A influência do positivismo e do liberalismo europeu chegou ao Brasil durante o século XIX e se espalhou especialmente entre militares, intelectuais e a classe média urbana. A ideia de uma república laica e democrática ganhou apoio entre esses grupos, descontentes com a concentração de poder do imperador e a influência da Igreja Católica no Estado.

Questão militar

O exército brasileiro, influenciado pelo positivismo e insatisfeito com o tratamento que recebia da monarquia, também começou a apoiar o movimento republicano. Os militares reivindicavam maior autonomia e se opunham ao controle exercido pelo governo imperial sobre as Forças Armadas, o que culminou em uma crise entre o exército e o governo de Dom Pedro II.

Questão religiosa

Houve atritos entre a Igreja Católica e o Império por conta do padroado (sistema em que a igreja era subordinada ao imperador). A interferência do imperador nos assuntos eclesiásticos gerou descontentamento, pois ele proibia ordens eclesiásticas de origem externa, além de interferir nas nomeações eclesiásticas.

A crise econômica e o enfraquecimento do café

No final do século XIX, o Brasil enfrentava uma crise econômica, intensificada pela desvalorização do café no mercado internacional. Esse quadro debilitou a monarquia, já que o governo imperial não oferecia respostas efetivas para esses problemas.

A Proclamação da República

Em 15 de novembro de 1889, um grupo de militares liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca organizou um golpe de Estado. Com apoio de setores do exército e da elite civil, a república foi proclamada. Dom Pedro II e sua família foram exilados, sem resistência.

A República Provisória

Após a proclamação, o país passou por um período de transição. O governo provisório liderado por Deodoro da Fonseca implementou medidas que mudaram a estrutura política do país, como a separação entre Igreja e Estado, e iniciou o processo de elaboração da primeira Constituição republicana.

Consequências da Proclamação da República

A Proclamação da República trouxe transformações significativas ao Brasil, entre as quais:

Novo sistema de governo

A monarquia foi substituída pela República, com um sistema presidencialista. Em vez de um imperador, o país passou a ser governado por presidentes eleitos, embora a democracia plena ainda estivesse longe de ser estabelecida.

Separação entre igreja e Estado

Com o fim do padroado, a nova república afastou a Igreja do poder estatal, impondo a laicidade ao país. Isso teve grande impacto na sociedade, já que muitos serviços sociais, como o registro civil, passaram a ser realizados pelo Estado.

Mudança nas elites políticas

A monarquia centralizadora foi substituída por uma república que favorecia o poder das oligarquias regionais, especialmente no modelo político conhecido como “política dos governadores“. As oligarquias rurais ganharam mais autonomia, consolidando um sistema de troca de favores que marcou a República Velha.

Impacto na estrutura social e política

Embora a proclamação tenha sido vista como um passo em direção à modernização, a estrutura social brasileira permaneceu hierárquica. A República Velha, período que se seguiu à proclamação, consolidou o poder das elites agrárias e dificultou a democratização.

Influência militar no governo

A presença dos militares na Proclamação da República iniciou uma tradição de intervenções militares na política brasileira, culminando em outras intervenções ao longo do século XX, como a ditadura militar (1964-1985).

Constituição de 1891

Em 1891, foi promulgada a primeira Constituição republicana do Brasil, que estabeleceu o federalismo e assegurou maior autonomia aos estados. Essa nova carta magna oficializou o sistema presidencialista e criou um Estado laico, embora as eleições fossem restritas aos homens alfabetizados e excluíssem a maior parte da população.

Considerações finais

A Proclamação da República representou uma mudança de regime e trouxe consequências importantes, mas não significou uma transformação profunda na sociedade brasileira. Embora a república tenha modernizado o Estado, ela manteve o poder concentrado nas elites agrárias. Os ideais de liberdade e cidadania, defendidos por alguns republicanos, demoraram a alcançar a população de maneira efetiva, e o Brasil continuou a enfrentar grandes desafios em sua busca por uma verdadeira democracia.

Essa transição é importante para entender as bases da política brasileira e a influência das elites na construção do país. O evento, amplamente estudado em escolas e vestibulares, marcou o fim de uma era e o início de outra que moldaria o futuro da nação.

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