Período Regencial

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O Período Regencial (1831-1840) foi um dos momentos mais conturbados da história do Brasil, caracterizado pela transição entre o Primeiro e o Segundo Reinado. Teve início em 1831, com a abdicação de Dom Pedro I, e terminou em 1840, com o Golpe da Maioridade, que antecipou a ascensão de Dom Pedro II ao trono.

Abdicação de D. Pedro I. Aurélio de Figueiredo, 1911
Abdicação de D. Pedro I. Aurélio de Figueiredo, 1911

Contexto histórico

A abdicação de Dom Pedro I em 7 de abril de 1831 gerou um vácuo de poder, pois seu sucessor, Dom Pedro II, tinha apenas cinco anos de idade. Dessa forma, foi estabelecido um governo regencial, no qual grupos políticos divergentes disputavam o poder e a direção que o Brasil tomaria.

O período foi marcado por intensos conflitos políticos e sociais, com revoltas espalhadas pelo território nacional. Isso se deve à falta de uma autoridade central forte e ao descontentamento de diversas camadas da população. Havia também a influência do liberalismo e do federalismo, que ganharam força nesse período, resultando na polarização entre grupos centralizadores e descentralizadores.

Características do Período Regencial

  1. Ausência de um imperador: pela primeira vez, o Brasil foi governado sem a presença de um monarca, o que gerou debates sobre a viabilidade da república e um aumento das tensões entre grupos políticos.
  2. Regências provisórias e permanentes: foram formados governos de transição até a definição de regentes permanentes, o que demonstrava a instabilidade política.
  3. Centralização versus descentralização: o período viu disputas entre os grupos que defendiam um governo central forte (caramurus e regressistas) e aqueles que buscavam maior autonomia para as províncias (liberais exaltados e progressistas).
  4. Reformas políticas: a autonomia das províncias foi aumentada com o Ato Adicional de 1834, que descentralizou a administração do país, permitindo a criação de Assembleias Legislativas Provinciais, mas mantendo o poder moderador.
  5. Criação da Guarda Nacional: para conter revoltas e organizar a segurança interna, a Guarda Nacional foi criada em 1831, permitindo que latifundiários e a elite local controlassem suas regiões.
  6. Ascensão dos partidos políticos: surgiram dois grupos principais: o Partido Liberal e o Partido Conservador, que influenciariam a política brasileira por décadas.

Regentes e personalidades históricas importantes do período

  • Regência Trina Provisória (1831): formada por Nicolau Vergueiro, Francisco de Lima e Silva e Joaquim Carneiro de Campos, teve um papel transitório até a definição de uma regência permanente.
  • Regência Trina Permanente (1831-1835): contou com a liderança de José da Costa Carvalho, Bráulio Muniz e Francisco de Lima e Silva, buscando estabilizar o país.
  • Regência Una de Feijó (1835-1837): Diogo Feijó assumiu como regente único, sendo um dos primeiros a tentar equilibrar a autonomia provincial com a necessidade de controle central. No entanto, a instabilidade e as revoltas levaram à sua renúncia.
  • Regência Una de Araújo Lima (1837-1840): período marcado pelo conservadorismo e pelo retorno da centralização política.
Juramento da Regência Trina. Manuel Araújo, 1831
Juramento da Regência Trina. Manuel Araújo, 1831

Revoltas Regenciais

  • Cabanagem (1835-1840, Pará): revolta popular motivada pela pobreza e insatisfação com o governo regencial, resultando na ocupação de Belém e no massacre da população.
  • Farroupilha (1835-1845, Rio Grande do Sul): guerra civil liderada por estancieiros que buscavam independência econômica e política, gerando a Proclamação da República Rio-Grandense.
  • Sabinada (1837-1838, Bahia): revolta que tentou proclamar uma república na Bahia, mas foi brutalmente reprimida.
  • Balaiada (1838-1841, Maranhão): revolta popular contra a elite local e o governo regencial, com ampla participação de negros libertos e escravizados.
  • Revolta dos Malês (1835, Bahia): rebelião de escravizados e libertos muçulmanos contra a opressão.

Consequências

  • Centralização do poder: o governo percebeu a necessidade de reforçar o controle central para evitar fragmentações.
  • Golpe da Maioridade (1840): como solução para a instabilidade, políticos anteciparam a maioridade de Dom Pedro II, colocando um fim ao período regencial.
  • Fortalecimento do Exército e da Guarda Nacional: o governo reforçou as instituições militares para conter futuras revoltas.
  • Criação de uma cultura política baseada no conservadorismo e no liberalismo: esse período consolidou o bipartidarismo entre liberais e conservadores, que influenciaria a política imperial.

Críticas ao Período Regencial

  • Instabilidade política: a falta de um governo forte gerou crises e conflitos internos constantes.
  • Repressão violenta: o governo regencial utilizou forças militares para esmagar revoltas, resultando na morte de milhares de pessoas.
  • Manutenção da desigualdade social: a população mais pobre, incluindo escravizados, permaneceu marginalizada e sem representação política.

Conclusão

O Período Regencial foi um momento de transição e turbulência na história do Brasil, marcado por disputas políticas, revoltas e experimentos administrativos. Apesar dos desafios, contribuiu para a consolidação do Império, moldando a estrutura política que definiria o Segundo Reinado e influenciando a construção do Estado brasileiro.

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