Evolução: do Criacionismo ao Neodarwinismo

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A definição de evolução é mudança, não necessariamente para melhor. O conceito biológico de evolução por diversas vezes já foi interpretado e utilizado de forma errônea, como mudança para melhor, o que não é verdade. Estudos mais recentes com o suporte de conhecimentos de bioquímica e biologia molecular estão mostrando mais detalhes históricos da evolução, tornando possível aprofundar os temas que antigos pesquisadores já abordavam e teorizavam.

A professora de zoologia, Dra. Hoekstra, da Universidade de Harvard, em entrevista, se mostrou uma entusiasta do tema quando se questionava sobre tudo que era capaz de observar na natureza, comentando ainda:

 “Ao realizarmos experimentos na natureza junto com estudos genéticos moleculares no laboratório, podemos contar uma história mais completa sobre como os organismos evoluem (…)”

Conceitos e Teorias

O mundo ocidental passou um longo período sob a influência de pensadores gregos (Aristóteles e Platão) e suas teorias sobre a origem dos seres vivos, como a teoria do Fixismo ou Criacionismo, que diz que os seres vivos não sofrem mudanças, são estáticos e foram criados conforme observamos na natureza. Depois foi a vez do regime da Igreja Católica, que durante o Renascimento começou a questionar as ideias Aristotélicas diante de restos de animais fossilizados, enterrados ou em geleiras, os quais representavam partes de animais que não eram mais observados na natureza. Com isso, começaram a surgir as primeiras ideias sugerindo que os seres vivos podem passar por transformações, como a teoria do Transformismo, que defende a ideia de que os seres vivos se modificam ao longo do tempo para que possam se adaptar às novas condições do ambiente. Ela defende a ideia de adaptação por vontade própria do indivíduo, o que não é a teoria mais aceita diante da ideia defendida pela teoria da evolução e as diversas evidências evolutivas que a tornam mais coerentes com os fatos.

Fóssil e outras evidências evolutivas

Fóssil é um registro de partes de um ser vivo que foi preservado das intempéries. Os fósseis geralmente são encontrados em cavernas, geleiras ou no mar, em altas profundidades, por serem locais que facilitam o processo de fossilização. Os registros fósseis podem servir como evidência evolutiva, quando considerada pela perspectiva da teoria evolutiva. Isso porque, como num filme, conta através do conjunto de várias “imagens” a história dos seres vivos.

Fóssil de dinossauro
Fóssil de dinossauro

Existem vários tipos de evidências evolutivas que identificam fatos biológicos e que corroboram com a teoria da evolução. Vamos listar as mais importantes abaixo.

Semelhança bioquímica

A estrutura de moléculas (por exemplo o DNA) ou interações metabólicas possuem certo grau de similaridade em diversos seres vivos.

Semelhanças na síntese proteica de células procarióticas e eucarióticas
Semelhanças na síntese proteica de células procarióticas e eucarióticas

Embriologia comparada

O desenvolvimento embrionário dos animais que possuem três tecidos embrionários é similar até determinado momento de vida.

Embriologia comparada
As semelhanças embrionárias nos diferentes grupos de animais indicam parentesco evolutivo

Anatomia comparada

Há similaridade de arquitetura óssea de animais que vivem em diferentes habitats.

Anatomia comparada
As semelhanças entre as anatomias indicam parentesco evolutivo

Estruturas vestigiais

São estruturas que se observa bastante desenvolvidas em alguns exemplares e atrofiadas em outros.

Distribuição geográfica

Espécies que vivem mais próximas tendem a serem mais semelhantes, quando comparadas com espécies que vivem mais afastadas.

Jean-Baptiste Lamarck e a evolução

Lamarck acreditava que existe uma tendência natural dos seres vivos em se tornarem mais complexos, sendo a força motriz dessa tendência a necessidade de adaptação dos animais ao ambiente. Segundo suas teorias, essa necessidade de adaptação criaria no íntimo do ser vivo uma vontade de melhorar suas aptidões perante o ambiente. Esse esforço de se tornar melhor para as condições ambientais os tornariam mais adaptados, como, por exemplo, uma girafa que se esforça para se alimentar das folhas mais altas acaba por desenvolver uma nova vertebra cervical para se adaptar ao ambiente. Por isso, a teoria de Lamarck é conhecida por “Lei do uso e desuso”.

Lamarck também teorizou sobre as consequências do esforço gerado pela necessidade de adaptação. Ele defendia que os seres seriam capazes de transmitir suas características para os seus descendentes, mesmo aquelas que teriam sido geradas pelo esforço do próprio indivíduo. Isso seria a garantia de vantagens adaptativas sobre os demais, que ao longo do tempo e com o acúmulo de diferentes características ocasionaria na formação de uma nova espécie. Essa teoria é conhecida como “Lei da herança dos caracteres adquiridos”.

Charles Darwin e a evolução

Darwin é o autor da teoria mais aceita hoje sobre a evolução das espécies, embora não tenha sido muito bem vista em sua época pois contestava visões tradicionais. Ele obteve sucesso pois apresentou um mecanismo científico plausível, em sua obra clássica, “A origem das espécies”, com lógica perfeita e muitas evidências evolutivas, obtidas durante anos de observações detalhadas sobre animais e plantas de diversos lugares do mundo, sendo as mais famosas adquiridas durante a sua viagem no Beagle, quando teve a oportunidade de conhecer diferentes regiões do mundo.

Diagrama de árvore evolucionária de Darwin
Diagrama de Darwin de uma árvore evolucionária em um dos seus cadernos sobre a transmutação das espécies (1837)

Depois de anos analisando suas observações e pensando na adaptação dos seres vivos, Darwin publica um ensaio sobre o conceito de descendência com modificação. Esse conceito seria o processo responsável pela evolução, com o seu principal mecanismo, a seleção natural. A teoria da evolução de Darwin diz que os seres possuem uma ancestralidade comum, mas que aleatoriamente ocorreriam modificações mínimas que poderiam ser acumuladas pelas gerações futuras, e que ao longo do tempo as diferentes condições ambientais iriam favorecendo mais algumas características do que outras. Isso ocorreria até que fosse possível distinguir duas espécies. Ademais, sugeriu que durante longos períodos, esse processo seria o responsável por uma grande diversidade.

Neodarwinismo

Na época que Darwin publicou a sua teoria sobre a evolução das espécies, ainda não era amplamente conhecido o estudo desenvolvido por Gregor Mendel sobre a hereditariedade. Mendel, considerado o pai da genética, identificou um padrão de características que eram passadas para os descendentes e a relação de variabilidade dessas características. O conhecimento gerado por esses estudos, associados com a teoria da evolução de Darwin e as suas evidências evolutivas, foi possível identificar o mecanismo de geração da variabilidade das características e explicar como elas são transmitidas para os descendentes, nascendo assim o Neodarwinismo, que é a teoria da evolução, vista pela ótica de Darwin, suportada pelas leis básicas da genética de Mendel.

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