Imunologia – Visão geral

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“Nos campos da observação, o acaso favorece apenas as mentes preparadas.”

Louis Pasteur

 

A imunologia é o estudo das defesas empregadas pelos organismos contra infecções. Usualmente tem a sua origem atribuída ao “physician” inglês Edward Jenner, pois foi quem demonstrou que a inoculação de secreções provenientes de póstulas de varíola bovina em humanos protegia-os contra a varíola humana. Mas outras técnicas e estudos já eram observados em outras culturas orientais antes de 1796.

Antes da demonstração de Edward não se sabia o que causava as doenças, pois não eram conhecidos os agentes patogênicos ou microrganismos. Esses foram descobertos por Robert Koch, e influenciou grandes cientistas, como Louis Pasteur, a desenvolverem novas estratégias de defesa.

Sistema imunológico – humano

O sistema imunológico é responsável por proteger o corpo humano de agentes infecciosos, de substâncias nocivas e dos danos que eles causam. Para que isso seja possível, outros sistemas, como o circulatório e o respiratório, precisam manter constante a composição química de substâncias como o sangue e o fluido intersticial, em um estado de equilíbrio dinâmico. Além disso, o sistema imune humano possui barreiras físicas e químicas para dar maior robustez contra a infecção de agentes potencialmente perigosos, como microrganismos.

Barreiras do sistema imunológico

As barreiras físicas e químicas são estratégias de defesa do sistema imunológico para evitar a infecção de agentes estranhos ou perigosos. As barreiras físicas são responsáveis por impedir a entrada de microrganismos nas regiões mais internas, sendo representadas pela epiderme, camada íntegra que nos separa mecanicamente do meio externo, e cílios e muco, capazes de filtrar o ar e oferecer resistência contra o agente infeccioso. Já a barreira química é caracterizada por enzimas presentes nas secreções, como a saliva e as lágrimas, responsáveis por evitar que os microrganismos consigam chegar nas regiões alvo e desencadear doenças.

Há ainda uma terceira barreira imunológica pouco comentada, que é a barreira biológica. Diante de estudos recentes, a microbiota intestinal, genital, oral e qualquer outra microbiota presente no corpo, é responsável não só pela manutenção de constituintes básicos para a nossa sobrevivência, mas também pela competição por recursos com outros agentes infecciosos. Essa competição ajuda na manutenção de uma microbiota adequada àquela região e, idealmente, não permite a colonização por outra que apresenta patogenicidade.

Órgãos do sistema imunológico

Os órgãos do sistema imunológico são aqueles responsáveis pela produção, recebimento ou amadurecimento de células do sistema de defesa, os quais são divididos em primários e secundários, de acordo com suas funções.

Órgãos do sistema imunológico
Órgãos do sistema imunológico

Os órgãos primários são a medula óssea e o timo. A medula óssea é responsável pela produção de diversas células. Essas células podem ser classificadas como linfoides e mieloides, como mostra a figura abaixo, podendo ir para o sangue ou para os tecidos. Já o timo é responsável pelo amadurecimento ou maturação dos linfócitos T.

Elementos celulares do sangue
Elementos celulares do sangue

Os órgãos secundários são formados por linfonodos, vasos linfáticos, baço e tonsilas, os quais são responsáveis, respectivamente, pela proliferação de células, transporte, hematopoiese ou reciclo celular e proliferação.

Resposta inflamatória

A inflamação é uma estratégia do sistema imunológico para que o organismo seja capaz de combater uma lesão ou infecção. Isso porque é responsável por recrutar células e moléculas da imunidade inata, trazendo do sangue para os tecidos e tornando o microambiente da infecção um local apropriado para a destruição do agente patogênico. À essa estratégia de combate aos patógenos, damos o nome de resposta inflamatória. Ela apresenta 5 sinais clássicos: dor, calor, rubor, edema e perda de função.

Durante a resposta inflamatória uma rede de fibrina é formada para evitar o máximo da dispersão dos agentes infecciosos pelo organismo. Ao mesmo tempo, células do sistema imune inato, residentes no tecido, sinalizam para que neutrófilos e monócitos extravasem os capilares sanguíneos e se dirijam para o local da infecção, processo conhecido como diapedese.

Resposta imune

A resposta imune é o processo de combate aos antígenos invasores, conferindo uma imunização em duas modalidades, humoral e celular. Antígeno é toda e qualquer estrutura capaz de sensibilizar o sistema imunológico ou provocar uma resposta inflamatória e, consequentemente, uma resposta imunológica. Geralmente são associadas a estruturas de invasores, como componentes de membranas ou filamentos de vírus, bactérias e fungos. Mas, pode ser do próprio organismo, ocorrendo assim um caso de não capacidade de identificação de estruturas próprias e podendo desencadear uma doença autoimune.

 

Anticorpos são proteínas de defesa, produzidas por linfócitos B, capazes de reconhecer ou se ligar em antígenos com elevada especificidade. Essa característica dá à resposta imune uma capacidade de combate ao invasor com o mínimo de efeitos colaterais e eventuais danos ao organismo. Esse tipo de resposta faz parte da imunização humoral, pois essa é caracterizada pela produção de anticorpos. Já a imunização celular envolve a atuação de células de defesa, como macrófagos.

 

A primeira exposição ao antígeno, também conhecida como sensibilização do sistema imunológico, desencadeia uma resposta imunitária primária, a qual leva em torno de 14 dias para que se torne capaz de combater os antígenos ou produzir anticorpos. Após a eliminação dos antígenos, ocorre um declínio na produção de células efetoras para que o sistema volte ao estado de homeostasia, sendo algumas dessas células não direcionadas para apoptose e gerando células de memória. Essas células, quando ocorre uma segunda exposição ao mesmo antígeno, serão responsáveis por iniciar o combate imediato ou resposta imunitária secundária, não sendo mais necessária a diferenciação celular, somente a produção de anticorpos.

Gráfico da variação da quantidade de anticorpos na resposta imune
Gráfico da variação da quantidade de anticorpos na resposta imune

Soros e vacinas

Existem modalidades de imunização, a ativa e a passiva. A imunização ativa ocorre quando o indivíduo produz os seus próprios anticorpos. Essa modalidade de imunização ainda pode ser dividida em natural, quando o contato com o antígeno se dá naturalmente ou ao acaso, e artificial, quando o contato ocorre através da ação do homem, envolvendo uma série de procedimentos técnicos. As vacinas são um exemplo de imunização ativa artificial, pois são compostos, em sua forma clássica, por partes de agentes patológicos ou mesmo o seu total, com a sua capacidade de infecção atenuada, exposta ao sistema imunológico e capaz de gerar uma resposta imunitária com memória. Tornando o organismo sensibilizado capaz de responder mais rapidamente quando exposto naturalmente ao antígeno, numa segunda exposição. Temos como exemplo a vacina contra a febre amarela.

 

Já os soros são compostos por anticorpos prontos. Esse tipo de imunização é um exemplo de imunização passiva artificial, pois os anticorpos foram produzidos em outro organismo e transferidos através de procedimentos técnicos. Esse tipo de imunização geralmente é utilizado quando não há outro método de tratamento e existe a necessidade de combate ao antígeno o mais rápido possível para evitar maiores sequelas ou mesmo a falência dos sistemas do organismo. Um exemplo clássico de tratamento envolvendo a utilização de soros são em acidentes ofídicos ou envolvendo serpentes. Segue abaixo figura ilustrativa do método de produção do soro antiofídico, que induz a produção de anticorpos em cavalos.

Imunologia - Método de produção do soro antiofídico
Método de produção do soro antiofídico

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