Terceira geração modernista e literatura contemporânea

O que você precisa estudar hoje?

Voltar
Você está aqui:

A geração de 45, também chamada de terceira geração modernista, vivencia sua iniciação com o fim da segunda guerra mundial (1939-1945) e, no Brasil, o fim da ditadura de Vargas. O contexto social do Brasil era mais democrático e desenvolvimentista, que levou ao governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), ou seja, diferente da primeira e segunda fase modernista, a geração de 45 era marcada por um momento menos conturbado. Outra diferença da terceira geração com as duas primeiras é a retomada de uma linguagem mais formal, culta e elevada, assim como no simbolismo e no parnasianismo. Alguns autores elegeram um estilo mais essencial, sintético, concreto e racional, dando sequência ao trabalho de Drummond e Murilo Mendes.

Os temas permaneceram como na segunda fase: regionalismo, crítica social, o espaço urbano e a análise psicológica. A novidade foi a preocupação com a linguagem e sua estética, oposto do que pregavam os primeiros modernistas.

Os principais autores

Clarice Lispector

Clarice Lispector
Clarice Lispector

Suas principais obras:

Perto do Coração Selvagem; A hora da estrela; Laços de família; A paixão segundo G.H.; Água viva; Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres.

Características:

Introduziu novas técnicas, subverte as estruturas tradicionais, quebra a ordem cronológica, faz uso de muitas figuras de linguagem, principalmente metáforas, antíteses e paradoxos. Há em suas obras introspecção psicológica, uso da memória para reviver o passado, preferência por personagens femininos, epifania (revelação). Apesar de ser reconhecida por ter uma grande sensibilidade intimista e psicológica, ela também trata dos aspectos sociais e filosóficos.

Guimarães Rosa

Guimarães Rosa
Guimarães Rosa

Suas principais obras:

Sagarana; Primeiras estórias; Grande Sertão: Veredas.

Características:

Suas obras são carregadas de neologismos, de empréstimos de vocábulos de outras línguas e de reordenação sintática. Retrata, principalmente, a realidade do sertanejo e sua forma de falar. Faz muitos usos de recursos da poesia, dando ao seu texto um ar poético.

João Cabral de Melo Neto

João Cabral de Melo Neto
João Cabral de Melo Neto

Suas principais obras:

Pedra do sono; O engenheiro; Morte e vida Severina.

Características:

Poeta. Dá continuidade ao estilo de Drummond e Mendes. Surrealista e objetivista. Se preocupa com a realidade e reflexão sobre a construção artística.

As tendências da literatura contemporânea

O Brasil dos anos 50 e 60 (até o golpe de 1964) passou por um momento de grande crescimento econômico, incentivo ao consumo e o desenvolvimento da indústria (pelo capital estrangeiro), e isso foi devido ao governo democrático-populista de Kubitschek. A nível mundial, ocorreu, nessa época, a Revolução cubana, que despertou a independência das potências: Estados Unidos e União Soviética. Com esse espírito revolucionário, a literatura e as artes também mudaram, surgiu a Bossa Nova, o Cinema Novo, o Teatro de Arena e as vanguardas concretas na poesia e nas artes plásticas.

Depois do golpe militar de 1964, surgiu o Teatro Oficina, os CPCs (Centros Populares de Cultura) e o Tropicalismo, mas esse momento de revolução artística acabou com o decreto da AI-5, em 1968, que censurava todo tipo de arte e de expressão que levou muitos artistas ao exílio.

O Concretismo é considerado a principal corrente de vanguarda na literatura brasileira. Surgiu em 1956 com os três poetas paulistas: Décio Pignatari, Augusto Campos e Haroldo de Campos. O poema concreto assume diversos recursos, como: som, aliterações, caracteres variados, diagramação diferente do tradicional e neologismos.

Exemplo:

Exemplo de poema do Concretismo, de Décio Pignatari
Exemplo de poema do Concretismo, de Décio Pignatari

Outro autor famoso pelo concretismo é Ferreira Gullar que também fez obras de outros gêneros.

Ferreira Gullar
Ferreira Gullar

Na década de 1960, surgiu o Tropicalismo com jovens que tinham uma linguagem renovada, eles eram Caetano Veloso, Gilberto Gil, o grupo Os Mutantes e Tom Zé. Eles inovavam na linguagem e na ideologia através da Bossa Nova. Se inspiravam com a antropofagia de Oswald de Andrade. Esse movimento aproximava-se dos modernistas de 1922 e do Concretismo.

Tropicália (Caetano Veloso)

Caetano Veloso
Caetano Veloso

Sobre a cabeça os aviões

 

Sob os meus pés os caminhões

Aponta contra os chapadões

Meu nariz

 

Eu organizo o movimento

Eu oriento o carnaval

Eu inauguro o monumento

No planalto central do país

 

Viva a Bossa, sa, sa

Viva a Palhoça, ça, ça, ça, ça

Viva a Bossa, sa, sa

Viva a Palhoça, ça, ça, ça, ça

 

O monumento

É de papel crepom e prata

Os olhos verdes da mulata

A cabeleira esconde

Atrás da verde mata

 

O luar do sertão

 

O monumento não tem porta

A entrada é uma rua antiga

Estreita e torta

E no joelho uma criança

Sorridente, feia e morta

Estende a mão

 

Viva a mata, ta, ta

Viva a mulata, ta, ta, ta, ta

Viva a mata, ta, ta

Viva a mulata, ta, ta, ta, ta

 

No pátio interno há uma piscina

Com água azul de Amaralina

Coqueiro, brisa e fala nordestina

E faróis

 

[…]

 

Viva Maria, ia, ia

Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia

Viva Maria, ia, ia

Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia

[…]

 

A partir da década de 70, a literatura foi pouco estudada, principalmente por causa da censura. Porém, em geral, as artes ainda seguem o modelo modernista.

Deixe um comentário