O que você precisa estudar hoje?
Na geometria euclidiana plana, podemos determinar a reta como um dos axiomas de Euclides. A reta é formada por infinitos pontos e definida por dois pontos distintos. Todavia, em geometria analítica, de forma análoga ao estudo do ponto, pode-se estudar a reta sob um parâmetro cartesiano. Ou seja, estudar a reta algebricamente.
Equação geral da reta
Na geometria analítica, a equação geral da reta é dada pela forma r: ax + by + c = 0, de maneira que a e b são coeficientes das incógnitas x e y, respectivamente, e c é o termo independente da equação, para a, b e c pertencentes aos números reais.
Exemplo:
r: 2x + 3y + 3 = 0, em que a = 2, b = 3 e c = 3.
Vale ressaltar que o termo independente da equação da reta é a coordenada em y, quando o ponto possui coordenada zero para x.
Exemplo:
Seja a reta r: 2x + y = 4. Quando x = 0, temos:
2.0 + y = 4
y = 4
Portanto, 4 é o termo independente da equação da reta.
Outro aspecto que devemos destacar é que para toda reta que passa pela origem O, que possui coordenadas (0,0), a equação não possuirá termo independente, ou seja, c = 0.
Exemplo:
Reta s: y = x
Cálculo da equação da reta
Dados dois pontos pertencentes a uma reta, podemos calcular a equação desta reta através de um determinante particular para o caso:
Em que x e y são coordenadas genéricas, x0 e y0 são coordenadas de um ponto da reta e x1 e y1 são coordenadas de outro ponto da reta. Resolvendo este determinante e igualando-o a zero, obtemos a equação da reta.
Exemplo:
Determinar a reta s que passa pelos pontos P(1,2) e Q(2,3):
O determinante toma a forma:
Resolvendo o determinante por Sarrus, temos:
Rearranjando os termos, chegamos à equação geral da reta: – x + y – 1 = 0.
Coeficiente angular
Outra forma de determinarmos a equação de uma reta no plano cartesiano é conhecendo um de seus pontos e sua inclinação, seu coeficiente angular, em relação ao eixo das abscissas (eixo Ox). Ou seja, dado um ponto e o coeficiente angular da reta que passa por este ponto, pode-se determinar a equação desta reta.
Uma importante informação que devemos ter em mente é que o coeficiente angular de uma reta é o valor da tangente do ângulo que esta reta faz com o eixo Ox.
Assim, o coeficiente angular de uma reta pode ser calculado pela fórmula onde x e y são coordenadas de um ponto da reta e x0 e y0 são as coordenadas de outro ponto da reta.
Exemplo:
Dados os pontos P(5,7) e Q(3,8), determine o coeficiente angular da reta que passa por esse pontos.
Com isso, dado um ponto qualquer da reta e o valor de m, podemos encontrar a equação da reta da seguinte forma: .
Assim, sempre que o y estiver isolado em um lado da igualdade, m será o coeficiente de x.
Exemplo:
Determinar a equação geral da reta que passa pelo ponto P(2,6) com coeficiente angular m = 4:
Formas da equação da reta
No estudo da reta, as equações que as descrevem podem assumir diferentes formatos. Abaixo, apresentaremos a forma reduzida, a forma paramétrica e a forma segmentária.
Forma reduzida
A equação da forma reduzida deriva da equação geral da reta, isolando-se o y para obter a inclinação da reta em relação ao eixo x.
De uma forma geral e genérica, temos que isolando y na equação geral r: ax + by + c = 0 obteremos:
Deste modo, definimos e de forma que: y = mx + q.
Deste modo, chegamos à forma reduzida da equação da reta, em que determina a inclinação da reta em relação ao eixo Ox. Caso a reta seja paralela ao eixo Oy , não poderemos escrever a equação de forma reduzida, uma vez que m tenderá ao infinito.
Exemplo:
Seja a equação geral de uma reta dada por r: 2y – 4x + 6 = 0, determinar a equação reduzida desta reta:
Primeiramente devemos isolar o y:
2y = 4x – 6
Agora, dividindo toda a equação por 2:
y = 2x – 3 (Equação reduzida da reta).
Exemplo:
Considerando uma reta que ela por P(2, 7) e Q(–1, –5), encontre a forma reduzida da reta (y = mx + q):
Substituindo os valores das coordenadas de P(2,7) na forma genérica da equação reduzida, temos:
7 = m.2 + q
7 = 2m + q
2m + q = 7
Realizando o mesmo procedimento para Q(–1, –5):
–5 = m.(–1) + q
–5 = –m + q
–m + q = –5
Nesse caso, os valores dos coeficientes angular (m) e linear (q) serão calculados por um sistema de equações:
Isolando q na 2ª equação:
–m + q = –5
q = –5 + m
Substituindo q na 1ª equação:
2m + q = 7
2m + (–5 + m) = 7
2m – 5 + m = 7
3m = 7 + 5
3m = 12
m = 12/3
m = 4
Calculando o valor de q:
q = –5 + m
q = –5 + 4
q = –1
Portanto, a equação reduzida da reta que passa pelos pontos P(2, 7) e Q(–1, –5), corresponde à expressão y =4x–1.
Forma segmentária
Dados dois pontos, o ponto A de coordenadas (a,0), que intercepta o eixo x, e o ponto B de coordenadas (0,b), que intercepta o eixo y, podemos calcular o coeficiente angular como:
Considerando n = b e substituindo na forma reduzida, obtemos:
Agora, multiplicando toda a equação por a:
ay = -bx + ab
Dividindo todos os membros por ab, o resultado é a equação segmentária da reta:
Sendo a≠0 e b≠0.
Exemplo:
Escreva, na forma segmentária, a equação da reta que passa pelo ponto A(2,0) e tem coeficiente angular 2.
Primeiro, devemos encontrar o ponto B(0,b), substituindo-o na expressão do coeficiente angular:
b = -10
Substituindo os valores de a e b na forma padrão da equação segmentária, obtemos a equação:
Forma paramétrica
O gráfico de uma função pode ser denominado de curva no plano cartesiano. A curva, por sua vez, pode ser parametrizada, o que significa dizer que podemos escrever as coordenadas de um ponto genérico dessa curva em função de uma outra variável, normalmente denominada pela letra t.
x = f(t)
y = g(t)
Em que t é chamado de parâmetro e pertence ao conjunto dos números reais. Conforme se altera os valores de t, altera-se, também, os valores de x e y, obtendo-se os pontos que compõem a curva do gráfico no plano cartesiano. Quando isso é feito, denomina-se parametrização da curva. Se f(t) e g(t) são funções do primeiro grau, então elas serão as equações paramétricas de uma reta.
Exemplo:
Transformar a equação geral y = 3x + 1 numa equação parametrizada.
Primeiro, deve-se escolher uma expressão em função de t, arbitrária, para substituir em qualquer uma das variáveis, desde que essa função seja do primeiro grau. Sendo assim:
y = 3t + 4
Substituindo essa expressão na equação da reta:
3t + 4 = 3x + 1
Agora, isola-se o x, para descobrir o x em função de t:
3x = 3t + 4 − 1
3x = 3t + 3
x = t + 1
Assim, temos a reta parametrizada em funções de t para x e y:
x = t + 1
y = 3t + 4
Ainda há a possibilidade de efetuar o processo inverso, para testar se a parametrização está de acordo com a equação reduzida da reta. Isolando t em x neste caso:
x = t +1
t = x − 1
Substituindo em y:
y = 3t + 4
y = 3(x−1) + 4
y = 3x −3 + 4
Por fim, reencontramos a equação reduzida, dada pela expressão:
y = 3x + 1
Retas paralelas
Na geometria analítica, podemos definir retas paralelas como aquelas que possuem o mesmo valor para o coeficiente angular, fazendo com que estas possuam a mesma inclinação e, consequentemente, não se cruzem em nenhum ponto. Em resumo, duas retas r e s serão paralelas se, e somente se, mr = ms.
Exemplo:
Verifique se as retas r e s, abaixo são paralelas.
r: 2x + 3y – 7 = 0
s: – 10x – 15y + 45 = 0
Devemos verificar o coeficiente angular das retas. Para encontrar o coeficiente angular, precisamos isolar y na equação geral da reta.
Reta r: 2x + 3y – 7 = 0
3y = -2x + 7
Faremos o mesmo processo para a reta s.
Reta s: – 10x – 15y + 45 = 0
-15y = 10x – 45
Como , então as retas são paralelas.
Retas perpendiculares
Duas retas são ditas perpendiculares, ou seja, formam um ângulo reto entre si, quando o produto de seus coeficientes angulares resultar em -1 x .
Exemplo:
Determine se as retas s: y + x = 0 e t: y – x = 0 são perpendiculares.
Primeiramente, devemos isolar o y em ambas as equações:
Para a reta t: y = x
E para a reta s: y = -x
Temos, então, ms = 1 e mr = -1.
Assim, e as retas são perpendiculares.
Ângulo de duas retas
Sejam r: y = m1x + c1 e s: y = m2x + c2 duas retas, tal que m1 e m2 são seus coeficientes angulares e c1 e c2, seus coeficientes lineares. O ângulo entre essas duas retas, na geometria analítica, sempre estará se referindo ao ângulo agudo (ângulo inferior a 90°) que estas retas formam.
Através de uma fórmula que está relacionada com a tangente da soma, podemos calcular a tangente do ângulo β formado entre duas retas, pela fórmula , desde que nenhuma das retas seja vertical, ou seja, retas da forma y = c, sendo c um termo independente fixo.
Exemplo:
Determine o ângulo formado entre as retas r: x – y = 0 e s: 3x + 4y – 12 = 0.
Primeiro, devemos deixar as retas em suas formas reduzidas:
r: y = x
s: , de forma que:
mr = 1 e ms =
Conhecendo os valores dos coeficientes angulares, basta aplicar a fórmula do ângulo entre duas retas:
, portanto
Para o caso em que uma das retas for vertical, o ângulo entre essa reta vertical da forma r: x = c e outra reta da forma s: y = msx + c pode ser dado pelo em que .
Distância de ponto à reta
Supondo que o ponto tenha coordenadas (x0,y0) e que a equação da reta seja ax + by + c = 0, a distância, chamada de d, será calculada pela seguinte fórmula:
Exemplo:
Qual a distância entre o ponto (2,3) e a reta 3x – 4y + 1 = 0?
x0 = 2 a = 3x c = 1
y0 = 3 b = -4
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